sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Foi um tempo, que o tempo não esquece.

 Muita coisa já foi dita em relação a paz nos estádios e paz entre torcidas rivais. Quando comecei de fato a descobrir a paixão pelo futebol, o máximo que se discutia entre torcedores de times  ou clubes rivais, era: "Você foi campeão esse ano na sorte, ano que vem quem ganha é o meu time"! E assim, todos se abraçavam, jogavam peladas juntos, enfim! Era uma harmonia só. Nada de gangues, de máfias e de brigões travestidos de torcedores. Fui de um tempo, onde, quando terminava uma partida entre ABC e América, todos iam juntos pras paradas de ônibus, entravam no transporte e as zoações e  as "chiadas", eram absolutamente sadias. Todos aqueles que gostavam, tomavam sua cachaça e sua cerveja na maior tranquilidade, sem pseudo-autoridades proibirem a não comercialização desses produtos. Gostava de sentir o cheiro dos fogos, a fumaça e a chuva de papéis picados juntamente com pequenos rolos que diziam ser de papel higiênico, mas que eu sempre não entendia muito bem o porquê. De um lado, na parte do "Castelão" que ficava a direita das cabines de rádio até pouco mais da linha que dividia o gramado, se estendia o vermelhidão da torcida americana. Do outro, sem divisão com policiais, a partir desse espaço final da torcida rubra, começava a surgir o preto e branco da torcida do ABC, que se estendia mais ou menos até o antigo placar. Me lembro que, radialistas como Hélio Câmara e o saudoso Souza Silva, podiam livremente expressar as suas paixões clubísticas, sem que houvesse a menor ameaça de torcedores de ambas as equipes que duelavam no gramado. Tudo isso fazia parte da magia do futebol potiguar, que aos poucos, de uma forma completamente estapafúrdia e absurda foi perdendo o seu encanto e cedendo espaço para o ódio e o rancor, que infelizmente desde então, vem passando de geração em geração e assumindo proporções de difícil conserto. Como se explica que um cidadão tire a vida do outro sem sequer conhecer a sua índole, que ainda assim não seria justificado, simplesmente por ele estar trajando a camisa do clube rival? Fica aqui esse pequeno artigo para reflexão. Sei que ainsda tenho poucos contatos   e que por isso mesmo, poucos irão curtir, comentar ou compartilhar. Mas, aqueles que o fizerem, tenho plena convicção que terão uma boa oportunidade de propagar um pensamento que busca tão somente uma ideal de fim da violência nos estádios. O que aconteceu no Paraná e em outros estádios de futebol, assim como a morte estúpida dos torcedores em Natal recentemente, tem de servir de alerta, como se fosse um aviso. Basta! Chega! O futebol pede licença.

Um comentário:

Luiz Melo disse...

Amigo, perfeitas suas palavras. Minhas primeiras lembranças do nosso futebol consistem em ir ao, à época, Castelão com meu pai e, mesmo sendo torcedores do América, comprarmos nossos ingressos, no começo só o dele em razão da minha tenra idade, nas bilheterias do lado do frasqueirão, por onde entrávamos no estádio, mesmo muitas vezes usando as cores do time da Rodrigues Alves. E nunca tínhamos qualquer problema com isso. O máximo que podia acontecer era encontrarmos algum amigo do meu pai que torcia ou torce pelo Abc e eles brincarem entre si sobre quem iria ganhar a partida. Hoje, infelizmente, este programa com meu pai tornou-se impossível em razão da violência destas pseudo torcidas. Torço para que algum dia meu filho, hoje com 8 meses de idade, possa experimentar as emoções que meu pai me proporcionou de ir ao estádio completamente lotado com a única preocupação sobre se iríamos voltar para casa comemorando ou não o resultado.